segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Um céu de felicidade

Levantou da cama e viu um céu azul cintilante pela janela. Viu ainda reflexos de um sol que não só iluminava, mas refletia as cores de uma forma tão forte que isso contagiou seus olhos e a fez sorrir. Uma brisa refrescante invadiu seu quarto e tocar seus cabelos. Sentiu o calor do sol no seu quarto e não teve vontade de sair dali. Não naquele dia.
Ligou o som com uma música leve e ficou por um tempo só observando o próprio tempo passar. Se olhou no espelho e viu sua pele exposta arrepiar com aquela brisa trazia consigo o cheiro do mar. Pegou uma caixa vermelha de veludo que estava escondida em cima do guarda-roupa há anos, tirou a poeira que ali se acomodou com o passar do tempo, colocou-a no chão e parou.
Aquela era a caixa da felicidade. Há anos não era aberta, nem se lembrava mais o que tinha lá dentro. Se deu conta de que, quando criança, a cada sentimento de felicidade que sentia ela fazia uma estrelinha com um papel brilhante e escrevia a data. Era a forma que ela tinha de guardar tudo de bom que já lhe aconteceu na vida.
Mas se deu conta de que há anos não colocava estrelinhas naquela caixa. Mais precisamente desde que saiu daquela casa para fazer faculdade e acabou sendo atropelada pela vida de adulto e não tinha mais tempo pra nada.
Hoje era um dia especial, um dia diferente. Seria seu último dia naquele quarto, fora ali buscar suas coisas porque agora ela teria uma nova casa e um novo quarto. E muitas estrelinhas estariam por vir.
Antes de abrir a caixa, se lembrou de todos os momentos daquele quarto. Bons momentos. Fora feliz ali e agora haverá um novo lugar desconhecido, mas aquele quarto sempre estará em sua memória.
Lembrou das suas bonecas espalhadas pelo chão na infância. Lembrou das pilhas de CDs prontos para serem ouvidos na adolescência. Lembrou da tarde de chuva que molhou sua cama e que teve de dormir no tapete. Lembrou da primeira noite que uma pessoa estranha dormira ali e ela pela primeira vez não sentiu que invadiram seu espaço. Essa pessoa deixaria de ser seu namorado amanhã e passaria a ser seu marido.
Após tantas lembranças, pegou o papel dourado na escrivaninha e recortou uma estrela bem grande e escreveu VIDA atrás. Colocou dentro na caixa e foi até a janela.
Havia esquecido como a vista do 6º andar era linda. O sol batia nos seus cabelos com mais força e refletia aquele tom dourado. A brisa secou sua ultima lágrima de alegria naquele quarto. Abriu a caixa e deixou as estrelinhas voarem pela janela.
Preferiu que sua felicidade não ficasse presa àquela caixa. Felicidade de verdade deveria voar com a brisa do mar. E assim foi embora, levando a caixa pra poder enche-la de mais estrelinhas em sua nova vida.


Ao som de Jack Johnson - Álbum: In Between Dreams