quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A alma

Descalço sigo caminhando
Devagar por entre as pedras
Não sinto mais dor, calor ou frio
Os pés calejados estão acostumados a seguir

As imagens passam em câmera lenta
Os olhos calejados já não se emocionam
As lágrimas secaram e sufocaram a vontade de chorar

O coração bate devagar e sem vontade
Desanimado e triste
Preferindo ficar calado a sofrer novamente

Calado eu sigo
Pois a vontade de falar se foi há tempo
E a boca calejada não mais sorri

O corpo trêmulo segue
Sem pressa
Por entre as pedras

E a mente?
Ah, a mente está tão calejada 
Que não consegue mais pensar

Mas a alma segue intacta
Sabendo que encontrará esperança
Em algum lugar

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Pinturas

Quando vemos uma tela em branco em nossa frente temos medo do vazio, temos medo de não conseguir preenchê-la a tempo, temos medo de não termos as cores que gostaríamos de ter, temos medo de não gostar do que fizemos quando olhamos de um futuro não tão distante. Inúmeras possibilidades surgem e desaparecem em frações de segundos e não temos tempo para escolher com calma qual a melhor. Somos atropelados pelo tempo, que como o vento, vai passando rápido, ligeiro, frenético, com pressa e sem destino certo. Não temos tempo de escolher a melhor cor para pintar a tela da vida, alguns quadros saem cinzas e outros saem coloridos, mas sempre esperamos que na vernissage, no final da vida, tenhamos quadros simples, mas que tenham um belo final.