quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A alma

Descalço sigo caminhando
Devagar por entre as pedras
Não sinto mais dor, calor ou frio
Os pés calejados estão acostumados a seguir

As imagens passam em câmera lenta
Os olhos calejados já não se emocionam
As lágrimas secaram e sufocaram a vontade de chorar

O coração bate devagar e sem vontade
Desanimado e triste
Preferindo ficar calado a sofrer novamente

Calado eu sigo
Pois a vontade de falar se foi há tempo
E a boca calejada não mais sorri

O corpo trêmulo segue
Sem pressa
Por entre as pedras

E a mente?
Ah, a mente está tão calejada 
Que não consegue mais pensar

Mas a alma segue intacta
Sabendo que encontrará esperança
Em algum lugar

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Pinturas

Quando vemos uma tela em branco em nossa frente temos medo do vazio, temos medo de não conseguir preenchê-la a tempo, temos medo de não termos as cores que gostaríamos de ter, temos medo de não gostar do que fizemos quando olhamos de um futuro não tão distante. Inúmeras possibilidades surgem e desaparecem em frações de segundos e não temos tempo para escolher com calma qual a melhor. Somos atropelados pelo tempo, que como o vento, vai passando rápido, ligeiro, frenético, com pressa e sem destino certo. Não temos tempo de escolher a melhor cor para pintar a tela da vida, alguns quadros saem cinzas e outros saem coloridos, mas sempre esperamos que na vernissage, no final da vida, tenhamos quadros simples, mas que tenham um belo final.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Vazio

A semana passa tão freneticamente que ela nem sente. Se arruma todos os dias automaticamente para ir trabalhar. Passa o tempo na esperança de ver chegar a sexta-feira pra ver algo novo brotar. Nada brota.
A sexta-feira chega batendo na sua porta juntamente com a solidão. Mas ela supera e se arruma com calma, pensa em cada detalhe, em cada cor. Sempre com o mesmo desejo, desejo, um de-se-jo louco de se encontrar. De se dar. De sair e se acabar.
Batom vermelho, lápis preto, meia calça. Não sabe quem vai encontrar, mas tem um desejo enorme de achar alguém que a faça esquecer da solidão. Fins de semana passam, passam badalas, bares, cervejas, desconhecidos e nada preenche o vazio dentro do peito.

Sonho e Caminho

Realizar um sonho é como atravessar uma rua: devemos olhar para os lados para ter certeza de que ninguém irá nos prejudicar e seguir em frente. A vida é feita de escolhas e cada pequena escolha leva a uma nova direção, transformando e trilhando o caminho. Mas, como em todo percurso sempre aparecem obstáculos, problemas, bifurcações, pessoas, pedras e placas, e para que atingir o tão sonhado objetivo é preciso muitas vezes parar, observar, ponderar e decidir. O importante mesmo é não se deixar influenciar ou se acomodar ao que parece ser certo e seguro em determinado momento. Quase sempre o certo e seguro que aparece no meio do caminho não é o nosso certo e seguro. Ter medo também não é permitido, frio na barriga é bom e dá impulso. Impulso para continuar e seguir em frente, porque, mesmo que pareça distante, a vitória está logo ali.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Querer

Eu queria ser um relógio pra poder parar o tempo quando estou com você. Eu queria ter você. Eu queria ser o vento que toca seu rosto e te faz sorrir. Eu queria ser o mar e te envolver e te tocar. Queria ser a lembrança que surge em sua mente quando escuta aquela música. Eu queria ser o sol pra iluminar seu caminho quando você se perder. Eu queria cuidar de você. Queria te puxar pra dançar e ver todo o mundo rodar. Como as ondas que se quebram nas pedras e ainda arranjam força para voltar de novo e de novo eu queria te apoiar quando você precisasse. Queria ser o brinquedo que te diverte. Eu queria ser o banho que te acalma. Queria ser a razão do seu sorriso e o destino dos seus beijos. Eu queria. Eu quero. Queremos.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Na pista

Apesar dos olhares de dó e de pena ela não liga de estar solitária na pista de dança. Fica ali sozinha por prazer, apenas olhando os movimentos ao som da sua música preferida. Mesmo com toda a bebida na cabeça das pessoas e mesmo com toda a decepção que já viveu, prefere pensar quem em algum lugar ali dentro duas pessoas estão se conhecendo, se divertindo e tornando eternos um para o outro. E assim apenas observa sozinha no meio da pista de dança. Sozinha sorri e balança sem saber há quanto tempo está ali. Se pergunta se algum dia encontrará amor naquele lugar ou se ele foi em outro dia e se tornou o amor de outra pessoa. Não liga. Não pensa. As batidas do rock dos anos 80' invadem sua mente e seu coração e assim distraída esquece o que estava pensando e dança. Dança leve, dança solta, sorri e canta, tão distraída que encanta e atrai a atenção das pessoas. Tão alegre que enche e ilumina, refletindo paz e alegria por onde passa. Do outro lado, escorado no balcão, seu futuro amor espera a próxima música começar e a chama pra dançar.

O tudo e o nada

Querer tudo e não querer nada ao mesmo tempo é o que me atormenta 
Querer tudo de você e com você 
Querer seu beijo, suas palavras 
Sua companhia, querer ser seu prazer

O nada surge quando surge o tudo
Quando te quero tenho medo
O medo de querer e não poder
De ter e perder e não restar nada

Medo de que o tudo vire nada
Medo de ficar sozinha na estrada
Abandonada, solitária, vazia, decepcionada

Quero ser egoísta a ponto de ter seu tudo
Ser teu mundo, sua música
A ponto do nada não existir mais