segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Conversas Fúnebres


Enquanto passava o tempo eu ia percebendo o tempo que já tinha passado. Sentado aqui, olhando pro nada eu vejo o tanto que já vivemos, mas é diferente, deveriamos viver mais. Deveriamos viver a eternidade e ter tempo o suficiente para nos arrependermos dos nossos erros e podermos voltar atrás. Escuto de longe as pessoas conversando. Longe. Conversas, cochichos, risos. Curiosidade, amizade, tudo em um mesmo lugar. Perguntas, olhares, constrangimento. Palavras soltas, palavras fúnebres, palavras. Daqui eu escuto tudo e reflito aos poucos tudo o que dizem. Eu não queria estar aqui, nem queria que essas pessoas estivessem aqui. Eu queria estar longe, bem longe, em paz, olhando o mar. Me acalmando. Não entendo o que tanta gente faz aqui, nem quero entender. Não tive tempo de me despedir, mas eu queria uma festa. Uma ultima festa, longe daqui e que durasse dias. Uma festa, uma única festa em que eu pudesse ver e levar comigo os últimos sorrisos, sorrisos fúnebres, sorrisos pálidos e gélidos, mas sorrisos de amigos. (11/09/2008)

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